Esforço-me pra entender por que as pessoas insistem em despejar as suas necessidades nas costas dos parceiros amorosos. “Preciso de você”, “preciso do seu amor”, dizem.
Então é isso? Amor é isso? Alguém que sirva pra suprir nossas necessidades? Relações construídas em cima de necessidades, ao invés de vontades, tendem a acabar tão logo surja candidato mais capacitado para o cargo. Ou então, qualquer dia a pessoa descobre que a necessidade não existe mais, e a relação cai por terra. Quem está junto porque precisa se separa quando não precisa mais.
Amor não é necessidade, amor é vontade. É querer, não precisar. Amor é saber ter bilhões de pessoas no mundo capazes de suprir nossas necessidades de carinho, atenção, companhia e escolher apenas uma pra fazer tudo isso. É saber estar muito bem sozinho, mas ainda assim querer dividir a vida com alguém.
Essa ideia errada de que relações se baseiam em necessidades gera outro equívoco: o de que solteiros são infelizes. Quem disse que eu não tenho o que preciso porque não tenho um relacionamento amoroso?
Apenas quem é mal resolvido emocionalmente precisa de uma relação para se auto afirmar. Com licença, eu não preciso. Tenho pena, mas uma enorme de uma pena, de quem precisa atribuir aos parceiros à ingrata tarefa de suprir suas carências afetivas, sua insegurança e sua má relação com a solidão, e mais pena ainda dos coitados que aceitam essa missão. Eu lido muito bem com as minhas questões psicológicas, então sinto muitíssimo por quem precisa de um namoro pra ficar emocionalmente estável.
Não suporto ser criticado e tachado de infeliz porque estou sozinho. Não suporto a pretensão de quem acha que é melhor que eu porque está namorando alguém. Não suporto essa mania do ser humano de entender a sua situação como melhor que a do outro só pra se colocar num patamar superior.
Eu não preciso namorar pra ter companhia. Eu não preciso namorar pra ganhar carinho. Eu não preciso namorar pra não me sentir sozinha. Eu não preciso namorar pra provar pra mim mesma que eu sou capaz de despertar o interesse de alguém, ou de fazer alguém feliz. E eu também não vou namorar pra provar qualquer coisa pros outros.
Não confio em relacionamentos em que os dois só estão unidos porque precisam um do outro. Porque não conseguem encontrar maneiras de suprir suas necessidades sem envolver emocionalmente outras pessoas. Quem se sente infeliz ou inseguro ou solitário tem que procurar um psicólogo, não um namorado.
Essa história de metade da laranja, tampa da panela, de os dois serem um só, não existe. A gente tem que ser inteiro pra se colocar numa relação, e não pode esperar que o outro tape todos os nossos buracos. Não podemos querer alguém que nos complete, mas que nos complemente. Um mais um, não dois meios.
Levo minha vida e meus problemas muito bem sozinha, e quero (não preciso de) alguém que consiga fazer o mesmo. A quem não consegue, desejo muito boa sorte.
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